quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Alma...

Queria fazer um poema sobre a música, seus sentimentos, sua vibração. Daí, mandei logo os primeiros versos: "O toque ardente /De um violino...". Não foi com surpresa que o poema acabou se transformando em uma homenagem a uma terra tão distante e ao mesmo tempo tão próxima da gente, separada por esse rio chamado Atlântico...África!


Alma

O toque ardente
De um violino
Ao fundo
Batuque bom
De sexta-feira
Lavadeiras a derramar
Na roupa suja
Lamento morno
Nas corredeiras

Na colorida terra negra
Eu ouço, atento
De um rio rubro
Um grito sedento
De justiça
Ouçam agora, homens!
O comovente coro
De todas as eras

Eu sou África
Das terras áridas do Saara
Do solo pálido das savanas
Das nuvens brancas sobre as montanhas
Sou filho de Oxossi
Guerreiro das matas
Caçador de mim
Sou livre sim...

Rio, 07/06/2006

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Folia

Morei algum tempo, quando criança, no Morro do Juramento, zona norte do Rio. Trago ótimas lembranças de lá. Lembro, com especial carinho, da Folia de Reis - um dos únicos lugares do Rio que mantém essa tradição. Aquelas figuras fantasiadas (e fantasmagóricas) iam de casa em casa, eram recebidas com presentes, dançavam, cantavam e bebiam. Ainda hoje se pode ouvir, à distância, o bater dos tambores...

Folia de Reis

Bum!
Bum!

Ecoa forte no vale o som dos Reis
Eles estão chegando
Em suas máscaras sinistras
Dançando nas ladeiras do grande morro

Eles seguem...

Crianças correm diante de seus rostos

De casa em casa, às portas abertas
Os Reis dançam e recebem presentes
É dia de festa na casa dos pobres
E a riqueza reside em suas mentes

Corações e lares explodem de alegria

É dia de Reis
Na Terra da folia

Bum!
Bum!

Lembro-me bem

Eu também corria...

Alberto de Lima - Rio de Janeiro, 11 de novembro de 2006.