sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Sobre mangangás e borboletas azuis

Cheguei uns 20 minutos antes. A sala não devia ter muitas pessoas; umas 20 talvez. Mas até a hora do evento ficou impossível encontrar um lugar vago.

De repente, ela entrou, usando um echarpe sobre o pescoço, com sua silhueta frágil, mas instigante.

Todos aplaudimos, ansiosos. Ela sorriu.

Logo, começou a falar sobre sua experiência no governo, as pressões de todos os lados, os avanços e diretrizes de suas ações, as parcerias. Todos ouviam atentos.

Assim, teve início a palestra da senadora Marina Silva, sobre a questão amazônica no período em que foi ministra do Meio Ambiente.

Eu já admirava a senadora antes, quando, ainda adolescente, conheci sua história aguerrida e cheia de esperança, dos seringais do Acre às avenidas de Brasília.

Chamou a atenção, em sua fala, a importância de se ter um olhar amplo e não sectarista quando se analisa uma questão tão complexa quanto a ambiental. Entretanto, pra quem acha que esse olhar amplo pode soar um tanto condescendente com práticas predatórias, a senadora fez questão de salientar a ética e a fé nos valores como diretrizes nas ações.

Num momento de singela beleza, ela lembrou de sua infância no Acre, em 1963 - ano de fundação da COPPE. Da sinfonia dos mangangás, espécie de abelhas polinizadoras, e de sua fé nas borboletas azuis, a quem seu tio atribuía a missão de guias caso ela se perdesse na floresta.

Imagino Marina, pequena, correndo pela floresta, rodeada de borboletas azuis...

Ela terminou contando uma história que alertava para a necessidade de respeitar-se os saberes locais, distantes da ciência ocidental branca, mas valorosos. Nesta linha, destaco a seguinte frase: "Não devemos governar para o Brasil, mas com o Brasil".

No final, todos aplaudiram, por muitos minutos. Palmas sinceras, calorosas, cheias de esperança. Como Marina, frágil à primeira vista, mas forte em suas convicções, espalhando fé, como uma borboleta azul.

Obrigado Marina...

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, que vergonha de ter esquecido dessa palestra.

Fiquei arrepiado só de ler o seu post. Diga-se de passagem, muito bom!

A senadora Marina Silva é uma das raras figuras políticas no Brasil que eu ainda admiro. Independetemente de sua postura em relação a muitos assuntos, ela é uma mulher muito ética, honesta e batalhadora. Alguém com essas características já supera 99% da corja dos políticos brasileiros, de todos os partidos.

Abração, Jorge!

Unknown disse...

Segue um texto da própria senadora, com as mesmas questões: http://yto.no/hunikuinblog/wordpress2/?p=20