terça-feira, 1 de maio de 2012

Segunda, 23, foi dia de Jorge...

...e resolvi aproveitar uma das atrações de meu bairro. Em Quintino há um ano, não pude conferir os tradicionais festejos do ano passado. Desta vez, entretanto, queria ver tudo de perto. Acordei cedo e me dirigi à Igreja de São Jorge. Santo e orixá - na bela tradição sincrética de nosso povo, São Jorge é o orixá Ogum -, se unem e inspiram seus devotos a encher de vermelho e branco as ruas do bairro.

Caminhei por volta de 15 min de minha casa até a igreja. No caminho, bandeirolas vermelhas tremulavam nas fachadas das casas, com a famosa imagem de um cavaleiro matando um dragão e com a enigmática inscrição "dia sem missa". Havia um churrasco em cada esquina, em casas e bares, com o feijão fervido em panelões de ferro sobre lenha em chamas.

Acho que nunca vi Quintino tão bonito de gente e alegria; gostaria que os demais dias fossem assim...



As fotos ilustram um pouco dessa experiência. Infelizmente, não consegui entrar na igreja, mas, de alguma forma, o espírito das pessoas transportava o clima de devoção para as ruas, misturando choro, velas, olhos fechados para a alma, flores e mãos estendidas para o alto ao clima de festa traduzido pela cerveja vendida a apenas R$ 1,50 e pelos diversos pagodes que ressoavam aqui e ali (Arlindo Cruz imperava na maior parte deles).






Na volta, um grupo de repórteres fazia um pequeno carnaval em torno de uma pessoa. Olhei bem e reparei que era o prefeito Eduardo Paes. Somente os repórteres pareciam dar atenção a ele. Ao me virar, no rumo de casa, um casal começou a desabafar sobre sua insatisfação com os reboques de carros particulares realizados naquele mesmo dia, argumentando que antes não havia esse tipo de "palhaçada" e que não havia muitas opções de transporte para lá, além de não existir estacionamento gratuito na região. Não sei bem o que dizer sobre isso, mas, tendo a concordar com o casal (palavra de quem sofre diariamente com o transporte público da região). De fato, vi muitos guardas municipais e carros da secretaria de (des)ordem pública no entorno da igreja.

Os tempos mudam, mas, pelo menos, é bom saber que a irreverência carioca permanece. Viva São Jorge! Via Ogum!

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