terça-feira, 20 de novembro de 2007

HaiKai , o retorno

Focas

Sorriem as focas
Nas horas frias e brancas
O homem as olha


Alberto de Lima – Rio, 23 de dezembro de 2006.

HaiKai

Persistência

O tempo se exibe
Lá fora, os risos persistem
E a vida é curta


Alberto de Lima – Rio, 23 de dezembro de 2006.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Ventania

Ventania

Quando escrevo coloco o mundo sob a ponta do lápis;
Rabisco amores, apago dores
Sopro a fuligem dos desertos
Viro a página quando me encho de palavras

Não há nada mais profundo do que uma folha em branco;
Nada mais amplo, nada mais quieto
Ouça o vento curvando-se nas pedras

Às vezes sou esse vento
Às vezes eu sou a pedra.

Alberto de Lima - Rio, 19/04/2007.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Singela Homenagem

Cidade Minha

Nas tuas curvas andei
Ceifando o mato alto
Vi sopranos e contraltos
Contemplando tua fronte
Do alto de teus morros
Vi o homem
E o horizonte me deu sono
No teu colo dormi
Fui menino
Em tuas ruas
Senti frio
No estômago
A fome era cerrada, implacável, imbatível
Como a beleza de tuas meninas
Que por aí distraídas
Caminham pelo Leblon
Encantam a Rocinha
Cantam em Madureira
No jongo da Serrinha

Estranha cidade minha
Maravilha é te odiar
E amar-te mais ainda.


Rio, maio de 2007.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Alma...

Queria fazer um poema sobre a música, seus sentimentos, sua vibração. Daí, mandei logo os primeiros versos: "O toque ardente /De um violino...". Não foi com surpresa que o poema acabou se transformando em uma homenagem a uma terra tão distante e ao mesmo tempo tão próxima da gente, separada por esse rio chamado Atlântico...África!


Alma

O toque ardente
De um violino
Ao fundo
Batuque bom
De sexta-feira
Lavadeiras a derramar
Na roupa suja
Lamento morno
Nas corredeiras

Na colorida terra negra
Eu ouço, atento
De um rio rubro
Um grito sedento
De justiça
Ouçam agora, homens!
O comovente coro
De todas as eras

Eu sou África
Das terras áridas do Saara
Do solo pálido das savanas
Das nuvens brancas sobre as montanhas
Sou filho de Oxossi
Guerreiro das matas
Caçador de mim
Sou livre sim...

Rio, 07/06/2006

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Folia

Morei algum tempo, quando criança, no Morro do Juramento, zona norte do Rio. Trago ótimas lembranças de lá. Lembro, com especial carinho, da Folia de Reis - um dos únicos lugares do Rio que mantém essa tradição. Aquelas figuras fantasiadas (e fantasmagóricas) iam de casa em casa, eram recebidas com presentes, dançavam, cantavam e bebiam. Ainda hoje se pode ouvir, à distância, o bater dos tambores...

Folia de Reis

Bum!
Bum!

Ecoa forte no vale o som dos Reis
Eles estão chegando
Em suas máscaras sinistras
Dançando nas ladeiras do grande morro

Eles seguem...

Crianças correm diante de seus rostos

De casa em casa, às portas abertas
Os Reis dançam e recebem presentes
É dia de festa na casa dos pobres
E a riqueza reside em suas mentes

Corações e lares explodem de alegria

É dia de Reis
Na Terra da folia

Bum!
Bum!

Lembro-me bem

Eu também corria...

Alberto de Lima - Rio de Janeiro, 11 de novembro de 2006.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Poesia..

Como vocês já devem ter percebido, eu gosto muito de reticências. Acho que é porque sempre espero que as coisas (as boas) se perpetuem, sigam seu curso. É como nos filmes do Chaplin, quando o Vagabundo vai caminhando, rumo ao horizonte, numa história sem fim...

Mas não é disso que se trata o post. Estou aqui pra fazer algo que há muito tenho adiado. Sem mais delongas, vou publicar meus poemas; mais para compartilhar com vocês algumas idéias do que esperando que vocês gostem (mas espero que vocês gostem tambem!). Então, caro leitor, lá vem...

Noite

Aprendi a amar a noite
Despencando do abismo de meus pensamentos

Quando a hora é longa
E lá fora a escuridão é preenchida pelo som dos grilos
Ou quando é saudoso o bater do trem nos trilhos
É que te venero
E me deito
No frio colo de teu corpo imenso

Essa chuva a bater no meu telhado
Vem de anos tristes, que já nem me lembro...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Encontros

Há encontros incríveis na vida, embora os desencontros as vezes insistam em nos rodear. Hoje, por exemplo, tive a honra de assistir a um show do grande Yamandu Costa, violonista dos pampas, com técnica incrível e muito sentimento. É olhando pessoas assim, tão talentosas, que penso na magia de um encontro bem sucedido; Yamandu com seu violão, Vinicius com sua poesia, o primeiro abraço de uma mãe em seu filho, o amor que enfim se consuma...
E isso me faz pensar também nos encontros que não são consumados, porque as vezes a vida é cruel, sem explicações, mas também porque há muita gente no mundo que insiste em criar barreiras por onde passa, porque têm medo de se aproximar de seus semelhantes, se encastelam em sua arrogância, são incapazes de demonstrar um sorriso.

E aí meus amigos, está a melhor ponte que podemos construir na vida: a magia de um franco sorriso. O resto vem depois...

Yamandu Costa: http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/yamandu-costa.asp

domingo, 12 de agosto de 2007

Felicidade...

Não sou nenhum especialista em fotografia. Mas a gente tem que tirar o chapéu, mesmo que não tenha um, quando encontra um trabalho bom, como este aí ao lado. Vi esta foto pela primeira vez no CCBB do Rio, numa exposição intitulada Instantâneos da Felicidade. O Nepal sempre me pareceu um lugar meio mágico...
Tulku Khentrol Lodro Rabsel com seu tutor Llagyel no monastério Shechen, Bodnath, Nepal.
Foto da artista belga Martine Franck.(http://www.temple.edu/photo/photographers/franck/index.html).

Primeiro post...

Muito bem gente.
Estava navegando por aí e me dei conta: "nunca escrevi nada na net". Mas acho que era porque não tinha muito o que revelar, embora minha gaveta esteja cheia de coisas e também os ouvidos de alguns bons amigos. Então, criei o Filósofo de Bar.
Podem entrar e sejam bem vindos!