Texto por: Alberto de Lima
Quando escrevo, coloco o mundo sob a ponta do lápis;
Rabisco amores, apago dores
Sopro a fuligem dos desertos
Viro a página quando me encho de palavras
Não há nada mais profundo do que uma folha em branco;
Nada mais amplo, nada mais quieto
Ouça o vento curvando-se nas pedras
Às vezes sou esse vento
Às vezes eu sou a pedra.
Imagem por: Rudy Trindade, inspirada no texto.
Publicado originalmente no blog Caneta, Lente e Pincel, em 10 de setembro de 2009.
![](http://2.bp.blogspot.com/_Eslqi1nSTIU/TLEkBYvRjdI/AAAAAAAABkU/Vj49KS1bwfk/S748/0+1961.jpg)
sexta-feira, 21 de maio de 2010
domingo, 16 de maio de 2010
História de Pescador
Imagem por: Marcelo Damm.
Texto por: Alberto de Lima, inspirado na imagem.
Publicado originalmente no blog Caneta, Lente e Pincel, em 5 de outubro de 2009.
Eles Chegaram em uma tarde rubra; as nuvens pegavam fogo.
Aprendi a pescar com meu pai, que aprendeu como o pai dele, que aprendeu com o dele, e assim por diante, até a cabeça doer com tanta lembrança de pai.
Meus outros professores foram o mar e o vento.
O mar era aquela coisa de doido; ora manso e generoso - tanto peixe que a canoa chegava quase a virar -, ora bravio - de forma que a canoa virava de qualquer modo mesmo. Já o vento, conduzia nossos pequenos veleiros, quando a necessidade nos levava mais longe. Às vezes, mar e vento se juntavam e era cada onda que a gente só ficava na areia, as tarrafas guardadas, abestalhados.
Muita vez, nas ignorâncias da juventude, não dava atenção aos sinais. Partia sozinho, no enfrentamento de raios e tufão. Chegando em casa era aquela surra de mãe - pai ficava no balanço da cadeira, com um sorriso matreiro, de cachimbo na boca. Mãe ainda dizia: "Acuda, minha Nossa Senhora, que esse minino ainda me mata!". À noite, enquanto sonhava, me dava um beijo. E sorria.
Se foram em uma sexta-feira da Paixão. Por quarenta dias me retirei; remos em punhos. Alguns golfinhos e aves vinham me visitar, percebendo minha tristeza, pois tem muito bicho mais esperto e sensível que muito homem.
Superado o luto, voltei à vida de mar e peixe. Construí canoa e dei a ela o nome Gratidão, em homenagem aos velhos. Casei, tive filhas - duas sereiazinhas - e fui capitão de barco - o melhor que já existiu na vila.
O tempo foi assim passando. O sol deixando suas marcas na pele.
Até aquela tarde rubra, quando eles chegaram.
À bordo de Gratidão, vi o estranho barco surgir dentre as nuvens e pousar a meu lado. Olhei em volta, em busca de ajuda, mas ninguém me via.
Por um bom tempo ficamos ali; eu numa curiosidade só, o barco-balão a me encarar.
Foi quando uma visão na janela da embarcação me fez remar ao seu encontro. Os pescadores ao longe sorriam - vai ver, era uma boa história de pescador -, alheios ao que se sucedia em volta.
Na janela da nau, meus velhos também sorriam, a me esperar.
Aprendi a pescar com meu pai, que aprendeu como o pai dele, que aprendeu com o dele, e assim por diante, até a cabeça doer com tanta lembrança de pai.
Meus outros professores foram o mar e o vento.
O mar era aquela coisa de doido; ora manso e generoso - tanto peixe que a canoa chegava quase a virar -, ora bravio - de forma que a canoa virava de qualquer modo mesmo. Já o vento, conduzia nossos pequenos veleiros, quando a necessidade nos levava mais longe. Às vezes, mar e vento se juntavam e era cada onda que a gente só ficava na areia, as tarrafas guardadas, abestalhados.
Muita vez, nas ignorâncias da juventude, não dava atenção aos sinais. Partia sozinho, no enfrentamento de raios e tufão. Chegando em casa era aquela surra de mãe - pai ficava no balanço da cadeira, com um sorriso matreiro, de cachimbo na boca. Mãe ainda dizia: "Acuda, minha Nossa Senhora, que esse minino ainda me mata!". À noite, enquanto sonhava, me dava um beijo. E sorria.
Se foram em uma sexta-feira da Paixão. Por quarenta dias me retirei; remos em punhos. Alguns golfinhos e aves vinham me visitar, percebendo minha tristeza, pois tem muito bicho mais esperto e sensível que muito homem.
Superado o luto, voltei à vida de mar e peixe. Construí canoa e dei a ela o nome Gratidão, em homenagem aos velhos. Casei, tive filhas - duas sereiazinhas - e fui capitão de barco - o melhor que já existiu na vila.
O tempo foi assim passando. O sol deixando suas marcas na pele.
Até aquela tarde rubra, quando eles chegaram.
À bordo de Gratidão, vi o estranho barco surgir dentre as nuvens e pousar a meu lado. Olhei em volta, em busca de ajuda, mas ninguém me via.
Por um bom tempo ficamos ali; eu numa curiosidade só, o barco-balão a me encarar.
Foi quando uma visão na janela da embarcação me fez remar ao seu encontro. Os pescadores ao longe sorriam - vai ver, era uma boa história de pescador -, alheios ao que se sucedia em volta.
Na janela da nau, meus velhos também sorriam, a me esperar.
Texto por: Alberto de Lima, inspirado na imagem.
Publicado originalmente no blog Caneta, Lente e Pincel, em 5 de outubro de 2009.
Um sopro do passado
De vez em quando, é saudável revisitar o passado. Na verdade, penso que o passado está sempre presente, de forma que não há nem ele, nem o presente e, muito menos, o futuro.
As postagens que virão após esta compreendem parte do trabalho que publiquei no então nascente blog Caneta, Lente e Pincel, no ano de 2009.
São obras coletivas, onde o texto foi elaborado inspirado em uma imagem, ou vice e versa.
Espero que apreciem.
As postagens que virão após esta compreendem parte do trabalho que publiquei no então nascente blog Caneta, Lente e Pincel, no ano de 2009.
São obras coletivas, onde o texto foi elaborado inspirado em uma imagem, ou vice e versa.
Espero que apreciem.
sábado, 8 de maio de 2010
Paradoxo
Tal qual sardinha, enlatados,
Vamos nós, nas veias da cidade
A cidade que é o Mundo
Estranho paradoxo!
Tem todas as dores,
Todas as felicidades...
Vamos nós, nas veias da cidade
A cidade que é o Mundo
Estranho paradoxo!
Tem todas as dores,
Todas as felicidades...
quarta-feira, 5 de maio de 2010
terça-feira, 4 de maio de 2010
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